Fundada em 09 de abril de 1989, a história da Associação de Capoeira Kilombarte (reconhecida pelo IBRAM – Instituto Brasileiro de Museus como Ponto de Memória), se confunde com a própria trajetória de vida de um de seus fundadores, Paulo Henrique Menezes da Silva, popularmente conhecido no mundo da Capoeira e do Movimento Social Negro como Mestre Paulão Kikongo. Atuando junto a este coletivo desde 1989, Mestre Paulão Kikongo (Mestre de Capoeira com Mestrado em Patrimônio, Cultura e Sociedade pelo PPGPACS/UFRRJ e Doutorando em Memória Social pelo PPGMS/UNIRIO) ministra aulas de Capoeira para crianças, adolescentes e adultos em diversas comunidades das cidades de Niterói e Guapimirim, no estado do Rio de Janeiro, de forma gratuita.
Atua, ainda, no campo do patrimônio cultural, da memória social e dos direitos culturais, com ênfase nos patrimônios culturais afro-brasileiros, direitos culturais, gestão cultural, educação para as relações étnico-raciais e demais culturas afro-brasileiras. Coordena o Ponto de Cultura Rádio Capoeira (SNIIC Nº AG-9148), o Ponto de Leitura Biblioteca Comunitária Francisco da Silva Cyríaco (SNIIC Nº SP-11894), reconhecidos pelo Ministério da Cultura a partir dos critérios estabelecidos pela Lei Cultura Viva, que comprova a atuação desta instituição no desenvolvimento e articulações de atividades culturais nas comunidades onde estamos presentes, contribuindo para o acesso, a proteção e a promoção dos direitos de cidadania e da diversidade cultural.
Neste percurso, atuando junto à Associação de Capoeira Kilombarte, recebemos, em 1995, da Federação Brasiliense de Umbanda e Candomblé o Diploma de Sócio Benemérito pelos relevantes serviços prestados à Cultura Afro-Brasileira; em 2006 o Prêmio Aluísio Palhano de Direitos Humanos, da Sub-Secretaria Municipal de Direitos Humanos de Niterói; em 2009 o Prêmio de Mestre da Cultura Popular e Tradicional, da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro; em 2013 o Diploma do Mérito Cultural pela Fundação de Artes de São Gonçalo; em 2015 o Prêmio de Cultura Afro Fluminense em Respeito às Diversidades Valorizando as Identidades, da Secretaria de Estado de Cultura do RJ e Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Governo Federal; em 2017 o Diploma Heloneida Studart de Cultura, através da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro – ALERJ, por ser membro titular do Conselho Estadual de Política Cultural do RJ; em 2019 recebemos o Prêmio Nacional de Culturas Populares (Vitor Mateus Teixeira – Teixeirinha), da Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania; Diploma do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional pela atuação no Grupo de Trabalho da Salvaguarda da Capoeira no Estado do RJ, IPHAN – Superintendência no Estado do Rio de Janeiro; o Título de Cidadão Guapimiriense, pelo Câmara Municipal de Vereadores de Guapimirim, RJ e em 2022 novamente o Diploma Heloneida Studart de Cultura, da Comissão de Cultura da ALERJ.
Representando a Liga Gonçalense de Capoeira Mestre Paulão Kikongo foi o mais votado, em 2007, para o Conselho Municipal de Cultural de São Gonçalo. Em 2012 foi o primeiro capoeirista do Brasil a ser eleito para o Conselho Nacional de Política Cultural – CNPC/MINC, tendo sido reeleito para um segundo mandato, representando o Setorial do Patrimônio Cultural Imaterial no Pleno do CNPC. A convite do Ministério da Cultura, defendeu, com êxito, a criação da cadeira da Capoeira naquele Colegiado.
Em 2014, à convite da UNESCO, da Fundação Cultural Palmares e do IPHAN a Associação de Capoeira Kilombarte, representada pelo Mestre Paulão Kikongo participou, em Paris, da 9ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial, quando, naquele momento, a Roda de Capoeira recebeu oficialmente o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Em 2016, fomos eleitos para o Conselho Estadual de Política Cultural do RJ, representando a Região Metroplitana II do Rio de Janeiro. Em 2017, eleitos para o Conselho Municipal de Cultura de Guapimirim, assumimos a presidência do Conselho por dois mandatos consecutivos, concluindo o último mandato em 2020, quando deixamos como legado a minuta do Plano Municipal de Cultura, elaborado pelo Conselho Municipal de Política Cultural (após escuta da sociedade civil organizada) e pela Secretaria Municipal de Cultura da cidade, na gestão do Professor Luis Cláudio de Oliveira.
Dentre as inúmeras ações pontuais e continuadas, destacam-se: a inserção da Capoeira na Rede Pública Municipal de Educação de Niterói, como atividade curricular complementar. Atuamos coordenando o ensino-aprendizagem da Capoeira inicialmente em 15 unidades escolares e, com o aumento da demanda, em 25 unidades escolares, com 25 profissionais envolvidos, atendendo em dois turnos alunos e alunas das escolas e das comunidades do entorno. Realizou-se mais de cinco mil atendimentos com aulas de capoeira, maculelê, samba de roda, musicalidade e confecção de instrumentos musicais, e ainda a prática da Capoeira no Programa Férias Nota 10, nos meses de janeiro e julho de cada ano.
Destacamos também a nossa participação na docência e coordenação do Projeto CID – Centro de Iniciação Desportiva, da Secretaria Municipal de Esportes de Niterói/RJ, posteriormente transferido para a Secretaria Municipal de Educação. O projeto, desenvolvido em diversos bairros da cidade, teve a atuação de nossa instituição no Bairro Ponta D’Areia. Participamos do 1º Salão de Leitura de Niterói, idealizada pela Fundação de Educação de Niterói, onde ministramos a Oficina Pedagógica Cultural na Ginga da Leitura, em parceria com a Professora Angela Maria Parreiras Ramos (Mestra em Educação pela UNIRIO e ganhadora do 2º Prêmio CEERT Educar Para a Igualdade, na categoria Ensino Fundamental I, com a experiência Tem Negro Nesta História).
A nossa instituição tem buscado cumprir os objetivos elencados em seu Estatuto Social, difundindo, nas diversas comunidades em que atua, atividades educacionais, socioculturais, esportivas, oficinas de artesanato, contação de histórias, cineclube, empréstimo de livros de sua Biblioteca Comunitária Francisco da Silva Cyríaco, bem como realizando pesquisas, conferências, cursos, treinamentos, edição de vídeos, assessoria técnica nos campos esportivos e de lazer, educacional, social, cultural, na área de direitos humanos e da cultura digital, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e para o combate ao racismo e a todos as formas de discriminação.
Como Ponto de Cultura, a Rádio Capoeira, contemplada em chamada pública pela Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, promoveu diversas ações remotamente, dada as restrições ocasionadas pela pandemia do COVID-19, dentre estas o 2º Festival Galo Já Cantou de Músicas de Capoeira.